Recomeço
Recomeço As horas vivenciadas naquele trabalho infernal consumiam-me, diariamente, os últimos sopros de humanidade que eu imaginava possuir. Tudo o que ali existia representava soma das piores e mais desprezíveis realidades mundanas. Um verdadeiro núcleo de obscuridade e negatividade. Os problemas amontoavam-se por todos os lados. A falsidade das pessoas impregnava as paredes com seu elixir venenoso e pegajoso enquanto os pensamentos deletérios espalhavam-se por todos os cômodos como doença epidêmica das mais vorazes. Eram assim os meus dias. Era com esse cenário asqueroso em mente que eu despertava dia após dia. Torcia, desejava, rezava pela ocorrência de um milagre a me restituir o tempo perdido naquele antro de podridão, a me ressarcir a vida desperdiçada em meio a papéis, canetas, mesas, etiquetas e processos. Encarar a fachada daquela edificação todos os dias era como encarar o corredor da morte. Era como penetrar numa câmara mortuária com o gás mais letal do universo a me so