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Mostrando postagens de julho, 2019

Soneto da Busca

Soneto da Busca Viver a tua presente ausência todo dia É como viver a presença ausente da euforia Como se o mundo resumido a ti estivesse Numa busca incessante que não esmorece Percorro horizontes sem a ti encontrar No afã de divisar o esplendor do teu olhar Como não te percebo, revisto-me de pranto Num lamento sem fim de causar-me espanto Por vezes reluto, esbravejo e grito Um silêncio tenebroso lançado ao infinito Onde não me canso de teu nome uivar Como se os sopros de um mundo em aflição Rompessem a redoma vultosa do meu coração Na ávida esperança de, por fim, teu peito alcançar Garbo Nael

Disfarces

Disfarces Mentiras são disfarces Disfarces são poemas Poemas disfarçados pela semântica romântica A palavra nem sempre expressa apenas seu miserável espelho Brilha, reluz emoção, paixão, intenção, precipitação Transmite, às vezes, muito mais do que se propusera Ao primeiro toque poético no papel Acredita no disfarce de seu pseudônimo ilusório transparente Mas, evidente como é, desabrocha rosa lírica Balbuciando alma, perfume, mente Não sente, sim carente Poeta interior, fugitivo do mundo redor Deflagrando poemas, despertando dúvidas, olhares, descobertas, romance... Se pela inspiração, um Pelo despertar, o outro Despertar repentino, louco, vibrante, galopante Tão perto, ofuscante, quase tão límpido como o sentido em palavras relevantes Dedos entrelaçados, confusos, aparentemente inegáveis Mas, quando carne, toque, cheiro Perpetuam sentido muito maior do que simples e inocente união de disfarces. Leandro Carvalho Braga – Rio de Janeiro – 26/08/1995

Travessia

Travessia Não te amo simplesmente por te amar Não te quero ao ponto de não te querer mais Te amo como se o amor do poeta desfigurado fosse Transcendendo todos os devaneios tingidos no papel Esta é a minha mais simples e pura realidade Amo quem tu és, tudo o que fazes Amo tudo aquilo que emana do teu ser Cristalino e genuíno jeito de ser Muito mais do que o vigor das tuas colinas cor de aveia Amo a sutileza do teu olhar majestoso A rijeza da tua voz andante Muito mais do que o ardor da tua rosa de fogo umedecido Amo a fortaleza do teu abraço O desassossego vivacissimo dos teus dedos peninsulares E à medida que o teu amor me consome as luzes de janeiro a janeiro Avultam no meu íntimo resplandecentes lampejos de desejos submergidos Aguardando impacientemente por nova travessia noturna A desfolhar o bosque macio da tua sublime essência Onde nos tornamos imponentes soberanos do nosso hesitante universo de delírios! Garbo Nael

Amante

Amante Ainda que desconhecidos por ti Os sentimentos que habitam o meu íntimo Ou obscuro o nascedouro imaculado Onde afloram os meus mais sinceros anseios Sigo os dias a refletir ao mundo Toda sorte de desejos e paixões que Num rebento sem fim obrigam-me ao teu encontro Amálgama sublime tão mais desejada Quanto mais fecunda torna-se a União dos nossos segredos, enredos, rochedos, medos Permito-me respirar os resquícios dos teus suspiros atrevidos Absorvendo cada sopro queimante nativo da tua alma viajora Como que a nutrir-me de ti Inebriando-me com o calor, ardor, fervor resultante Do teu estado febril de amante Que com tamanho furor impele A perfeita comunhão das urgências que nos ocupam o peito Despindo-me de toda e qualquer furtiva intenção Desnudando-me Acolhendo-me vigorosamente em teu oceano tempestuoso de amor Onde, sem poder mais resistir, deixo-me singrar livremente Sem as amarras imperiosas da razão Sem ilusões ou disfarces, sem